2014-03-21

Tempos

Hoje acordei com o coração amargo,
pelo doce gosto de memórias assombrosamente presentes,
de um sentimento que já só coexiste em mim.

Ontem adormeci nós num sono caloroso e reconfortante,
para acordar hoje inesperadamente eu só,
rodeado de nadas gélidos e de figuras ausentes.

Amanhã vergar-me-ei ao peso da perda abrupta,
que de longínquo recanto relembrado,
continuará a dilacerar o nós em cada detalhe de mim.

Amanhã que se interroga se o doce sonho voltará,
ou se morto para sempre,
acabará transformado numa assombração amargamente distante.

Hoje acordo com o coração amargo,
que não esquece,
o doce passado que já não mora em mim.

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